O motorista dorminhoco

Em 2005 no Teresópolis a estrutura era semiprofissional. O pessoal do Rio ia para o clube de kombi, van ou microônibus da prefeitura de Terê, que vinha buscar a gente e depois nos levava de volta após os treinos.
O nosso piloto oficial era o Mário, um funcionário da prefeitura que gostava de emoção quando estava ao volante. Depois dizem que carioca não gosta de trabalhar... Esse cara acordava de madrugada e por volta das 5 da manhã já estava nas ruas dirigindo o caminhão de lixo. Durante o dia ficava a serviço da prefeitura e a tarde ia nos buscar no Rio. Depois nos levava de volta, estando de volta em Terê lá pela meia-noite. Portanto, é óbvio que o cara só conseguia tirar um cochilo dirigindo...
Certa feita, voltando para o Rio, notei que o Mário cochilou ao volante. Foi tudo muito rápido e quando olhei uma curva bem fechada estava próxima. O Dilso, que estava do lado dele, já estava apavorado e me olhou como quem diz: e agora ? Tivemos a mesma intuição que foi a de não acordá-lo repentinamente pois um susto poderia provocar um acidente. Comecei falando baixo: Mário, Mário, Mário... Nada ! aumentei a voz e comecei a tocar no ombro dele de leve: Mário, Mário, Mário ! Nada ! Aí eu segurei e chacoalhei o ombro dele e gritei: MÁRIO !!! O homem, que já estava com o queixo no peito, acordou e mandou: fica calmo que está tudo sob controle !!!
Acho que a frase não foi exatamente esta mas foi algo parecido...
Eu troquei de lugar com o Dilso e fui para o banco da frente, insistindo para que o Mário tomasse um café. Ele não queria parar e eu sem saber o que conversar. Foi quando vi o celular novo do "motora". Olha... fiquei falando de celular, sem parar um minuto, da Serra de Teresópolis até Olaria, no Rio de Janeiro. Chegamos todos bem mas eu estava cagado...