sábado, 4 de setembro de 2010

O adeus a Rabicó

No ano passado, nossa equipe de futsal (ACBF/Carlos Barbosa) enfrentou o time da ASSAF, na cidade de Santa Cruz-RS, em partida válida pelo campeonato estadual da 1ª divisão.
Este jogo foi no dia 1º de maio de 2009 e recordo que durante a viagem de ida veio na minha cabeça que teria a oportunidade de conhecer pessoalmente o pivô Rabicó, conhecido por suas jogadas geniais, pelos gols incríveis e também por ser o personagem principal das histórias mais engraçadas do futsal mundial. Certamente ninguém colecionava tantas como ele.
Os "feitos" extra quadra do Rabicó, por si só, dariam um livro.
Contam que certa feita o pivozão acertou com uma determinada equipe e pediu um automóvel Kadett (sucesso na época) de luvas. Chegando na cidade, ficou decepcionado ao ver que tinham comprado um Omega (muito mais caro), pegou o avião de volta e se mandou. Não adiantou os diretores tentarem explicar que o Omega valia mais e que tiveram dificuldade em encontrar um Kadett, etc.
Ou aquela em que o gerente do banco, ao dar o talão de cheques para o Rabicó, explicou que cheque era como se fosse dinheiro. Beleza pura ! O cara danou a soltar cheques na praça. Um dia o gerente chamou o atleta na agência e disse que a conta dele estava no vermelho, que já estava devendo ao banco e tal. O homem ficou bravo e mandou "como que o dinheiro acabou se eu ainda tenho três folhas de cheque... Foi o senhor que me disse que cheque era igual a dinheiro !"

Quando chegamos no ginásio em Santa Cruz. o Rabicó veio falar com o Waguinho e o Rodrigo, ex companheiros dos tempos de Santa Fé. Ele estendeu a mão pra mim educadamente. Mas notei o ídolo triste. Talvez eu tenha criado uma expectativa através de suas histórias hilárias. Mas o fato é que ele estava triste, com um semblante sério. Por poucas vezes ele sorriu durante aquela conversa.

A partida terminou com uma vitória nossa por 6x3. O Rabicó fez um gol e foi comemorar com a torcida, fazendo o gesto do coração com as mãos. O mesmo gesto do Alexandre Pato.
Naquele momento ele estava feliz, sorrindo para a torcida.

Infelizmente, após o jogo, durante uma entrevista para uma rádio local, o atleta se sentiu mal e desabou no chão. Bem na minha frente. Naquele momento, mesmo não sendo médico, disse para meu supervisor. "É infarto."
José Carvalho da Cunha Júnior, o Rabicó, de 39 anos, ainda foi socorrido no hospital de Santa Cruz mas não resistiu.
Ali, naquela quadra, terminava a história de um ídolo da seleção brasileira, Atlético Mineiro, Vasco da Gama, Barcelona e de tantas outras equipes.
Rabicó pretendia encerrar a carreira naquele ano e iniciar um trabalho junto as categorias de base da ASSAF.
Todos da nossa equipe sentimos muito a perda de um ídolo naquela sexta feira, 1º de maio de 2009.
Que Deus o tenha em bom lugar.

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