Uma final homérica

No 2º jogo da semifinal, escrevi um post com o título "Simplesmente Épico!" que segue no link abaixo: http://minhashistoriasnofutsal.blogspot.com/2011/11/simplesmente-epico.html

Sei que muita gente pensou que não escreveria nada após esta final homérica contra o Santos F.C. só porque perdemos, nos pênaltis, o último e decisivo jogo. Na vida como no esporte, não podemos vencer sempre, mesmo sendo este nosso desejo e luta constantes.

Primeiramente vamos a um dos significados do termo "homérico" que pertence ou se refere ao poeta grego Homero, às suas obras, seu estilo ou os feitos grandiosos de seus personagens. Ou ainda aquilo que é épico, grandioso, fabuloso, difícil de ser comparado ou repetido, histórico...

Partindo destas definições compreendemos quando ouvimos as pessoas dizerem "tomei um porre homérico ontem..." ou "aquela luta na TV foi homérica..."

Assim foram as duas partidas da finalíssima da Liga Futsal 2011 entre Carlos Barbosa e Santos. Homéricas !

Especialmente o 2º e decisivo confronto, que teve todos os ingredientes de um grande espetáculo: drama, emoção, alegria, tristeza, aplausos, vaias, grande público, artistas em cena, coadjuvantes importantes, risos e choros.

O Santos foi pro segundo jogo sem sua maior estrela, Falcão, que foi expulso justamente aqui em Carlos Barbosa após ofensas ao árbitro. Além disso, grandes nomes como Jackson e Jé estavam lesionados e foram pro jogo no sacrifício. Na minha ótica o treinador Ferretti os guardaria apenas para a prorrogação caso as coisas andassem bem pra eles. Mas como o jogo estava empatado no intervalo, teve que utilizá-los para no sobrecarregar ainda mais os demais atletas.

Do lado de cá também fomos com o Carlinhos e o Tostão a "meia boca." Ambos sentiam lesões mas certamente não ficariam de fora da grande decisão.

Na véspera da partida, a torcida do Santos foi até o nosso hotel e descarregou morteiros madrugada adentro a fim de perturbar o sono dos nossos atletas. Foram quatro sessões, sendo a primeira e mais violenta à 1:40h da manhã. Depois foi quase de hora em hora, sendo a última quando já passava das 4:00h.

Aí apareceu a polícia...

O jogo começou como esperávamos. Os santistas vieram pra cima da gente, embalados por sua torcida que lotou a Arena Santos, pois não havia outra alternativa senão a vitória no tempo normal para forçar a prorrogação. Nosso time teve dificuldades para jogar nos minutos iniciais pois a pressão era enorme.

O 1º gol santista veio numa falta. Bola rolada pro Neto que driblou e finalizou no cantinho. 1 x 0 com menos que 5 minutos de jogo. Tudo que eles queriam. A partir daí eles continuaram agredindo e finalizando e nós só tivemos uma chance real com 8 minutos e meios de jogo com o Daniel.

A partir deste momento equilibramos o jogo e passamos ter mais chances. O pivô Sinoê perdeu duas seguidas em lances que ele costuma guardar. Mérito pro goleiro Djonny também.

Faltando 49 segundo pro final do 1º tempo, o mesmo Sinoê, oportunista, guardou. Fomos para o intervalo com o resultado de 1 x 1 que nos daria o título.

"Vamos lá pessoal, faltam SÓ 20 minutos pra acabar..." diziam os atletas no vestiário.

Eu já escrevi sobre isso aqui no blog. 20 minutos no Futsal é uma eternidade... é muito tempo !

Veio o 2º tempo e pressão voltou. Com 1 minuto e meio os caras já tinham colocado uma na trave e tiveram outra chance com o Valdin. Fomos salvos pelo paredão Lavoisier.

Aos 7' 2 x 1 Santos, gol do Pixote. Pouco depois o Jonathan finalizou na trave. Poderia ter sido nosso empate que veio aos 13' com um chute de bico (é claro !) do Rodrigo.

Faltando 3'51" o Santou pulou na frente novamente, fazendo uso do goleiro linha. Deives. 3 x 2.

Durante este processo de marcação do goleiro linha ainda tivemos duas roubadas de bola que poderiam ter sido convertidas em gol.

Veio a prorrogação que foi bem diferente daquela jogada lá em Jaraguá do Sul em 2009. Naquela ocasião a prorrogação pegou fogo. Tanto nós quanto a Malwee visaram o gol e não queriam pênaltis.

Em Santos, o time da casa, que já tinha o Jé e o Jackson a meia boca e ainda tiveram diversos atletas com cãibras ao longo do jogo, queria levar o jogo para os pênaltis.

Neste aspecto acho que faltou ousadia à nossa equipe que estava mais inteira e poderia ter agredido mais o adversário. Mas dentro da quadra é diferente. Todos sabem que se levar um gol numa prorrogação, raramente se consegue reverter este quadro. E acho que esta foi a tônica das duas equipes. O Santos chegou a ficar com três fixos na quadra, nitidamente querendo os pênaltis.

Não houve nenhuma grande defesa dos goleiros na prorrogação.

As penalidades pareciam coisa de filme. O Jé e o Valdin após suas cobranças cairam na quadra com dores nas pernas, como se aquele fosse realmente o último ato naquela Liga Nacional.

Surgiu um novo herói na história da Liga. O jovem goleiro Paulo Vítor. Poderia ter sido o Rennan, O Lavoisier ou o próprio Djonny. Ou quem sabe o Bilica, um especialista em penalidades, mas que não ficou relacionado para este jogo.

A equipe santista meus sinceros parabéns ! Foi um exemplo de superação e garra durante o jogo.

A competição foi disputada ponto a ponto entre Carlos Barbosa e Santos. Somente um poderia ser o vencedor. Infelizmente pra nós foi o Santos.

Foi uma final digna de duas grandes equipes.

Para a CBFS, acho que deveria voltar o 3º jogo na decisão com vantagem do empate no 3º jogo para quem obteve melhor campanha. É justo perder jogando. Seria injusto pro Santos se eles tivessem perdido nos pênaltis também por toda a campanha deles na liga. Assim como acho injusto pra nós.

Aos nossos atletas, diretoria e comissão técnica também dou os parabéns. Este tem sido um ano brilhante. Chegamos em todas as finais que disputamos até o momento. Não se pode ganhar todas.

Todos queríamos e muito esta Liga por ser a competição mais disputada de todas. A mais difícil.

Nossa campanha foi incrível e na final perdeu todo o grupo e não A ou B.

Vamos em frente !

Respeite quem pode chegar onde a gente chegou...