sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sentindo na pele a teoria da bola

Retornei da Espanha em Junho de 2000. Na época o clube me ofereceu o cargo de treinador de goleiros (com redução de salário) já que a nova comissão técnica do Playas já estava contratada. Acho que foi uma oferta "por educação" pois sabiam que eu não aceitaria. Meu negócio é preparação física. Além disso eu tinha a idéia fixa (e totalmente equivocada) de que, por ter sido campeão na Espanha, teria emprego em algum clube no Brasil consequentemente. ERRADO !

O tempo e a experiência nos ensinam muitas coisas. Mas aos 26 anos eu não tinha noção disso ainda. E quebrei a cara. Entrou em cena a teoria da roda gigante. Ou, fazendo um paralelo com o Futsal, a teoria do mundo da bola que já citei em outra ocasião, onde ora se está por cima, ora por baixo.
No meu caso posso garantir que não foi presunção ou marra. Eu simplesmente achava que tudo iria dar certo em função daquele título que poderia impulsionar minha carreira. Só que Espanha e Brasil são dois mundos diferentes. Para falar a verdade muita gente do meio nem sabia que eu estava lá e que havia ajudado o Playas com seu primeiro título.

O segundo semestre de 2000 foi um período muito duro. Eu tinha apenas um emprego em uma academia no Rio e com carga horária muito baixa. A grana que eu guardei na Espanha ajudou por um tempo mas não muito. As oportunidades não apareciam por mais que fizesse contatos com amigos pedindo ajuda.
Engraçado como normalmente um problema desencadeia outros. Naquela fase negra tudo ia mal. No final do ano surgiu uma luz no final do túnel. Mas era para um novo recomeço. E eu fui, guerreiro novamente, encarar mais novo desafio.
Era a segunda vez que voltava ao Vasco da Gama. Agora como preparador físico do Basquete feminino (infanto e juvenil). O salário era baixíssimo mas fui convencido por meu amigo Diego a apostar no trabalho. As treinadoras eram nada mais, nada menos que a Maria Helena (adulto) e Heleninha (base). Aquelas que levaram o Brasil a conquista do Pan em Havana e que receberam as medalhas das mãos do próprio Fidel Castro. Foi nesse período que conheci o João Nunes, preparador do adulto feminino e da seleção feminina também. Um grande profissional e grande amigo.

Novo esporte, novos desafios. No próximo post vou contar um pouco da minha passagem pelo Basquete, do aprendizado que tive com estas duas mulheres magníficas e sobre a experiência de trabalhar com atletas do sexo feminino.

Sobre a segunda metade de 2000 eu poderia dizer que foi um semestre para se esquecer. Negativo! Hoje que estou numa bem melhor, sempre procuro recordar que já estive na parte de baixo da roda gigante e que pra lá não quero voltar. Isso me motiva a não relaxar no trabalho, não cair no comodismo. Chegar ao alto nível eu já cheguei e saí algumas vezes. Nos últimos anos estou conseguindo o mais difícil que é manter-se no topo.

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