terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Seguindo carreira solo




Quando o Tio Sam acabou em meados de 1998 terminei o segundo semestre daquele mesmo ano trabalhando como professor de musculação em academias e como preparador físico de um time de Futebol que atuava para empresários no Recreio dos Bandeirantes. Numa noite ao chegar em casa após o trabalho havia um recado escrito por minha mãe em cima da mesa: "Ligar para o Malafaia ainda hoje..." O que eu fiz prontamente. O Malafaia era treinador do Club Comary e já fazia um bom trabalho por lá. Eles haviam chegado em duas semifinais no Rio em dois anos seguidos. Na última haviam sido eliminados justamente pelo Tio Sam, meu ex-clube. Ele estava atrás de um preparador físico para a temporada de 1999 e ligou para o Diego pedindo informações minhas. Além disso o Hugo (treinador de goleiros do Tio Sam) era amigo dele e também deu uma força. A grana era curta. Cerca de R$ 400,00 para ir para Teresópolis (cidade serrana) que fica cerca de 100km do Rio três vezes por semana. Mas eu não pensei duas vezes.Sempre fui muito seguro em relação a propostas de trabalho. Assim fui parar na equipe serrana.
Para sacramentar o negócio eu e o Malafaia(foto)fomos de carro até Teresópolis onde fui apresentado ao supervisor da equipe, o Mário Silva. Conversa vai, conversa vem numa mesa de bar o Mário me pergunta: "Vc bebe?" Pensei "este cara está me testando.." e respondi inseguro "bebo uma cervejinha de vez em quando mas gosto mesmo é de caipirinha". "GRAÇAS A DEUS !!!" respondeu o Mário. "Passei três anos aguentando um preparador físico que não bebia e ainda por cima me criticava quando bebia com os atletas." Esse é o Mário, figuraça !
Além dos R$ 400 o pessoal do Rio recebia um valor para pagar pedágio e combustível. Na maioria das vezes eu ia de carro e às vezes de carona. Alguns amigos me chamavam de maluco por que três vezes por semana eu tinha que subir e descer a Serra e chegava em casa depois da meia-noite. No outro dia tinha que trabalhar em academias logo de manhã cedo. Aí é que entra minha filosofia. Você tem que apostar no trabalho e não ficar esperando as coisas virem do céu. Muitas pessoas, inclusive amigos meus da Educação Física, reclamam por falta de oportunidades. Mas as vezes não querem apostar ou ficam em casa esperando o telefone tocar. As coisas não funcionam assim... neste aspecto sou cético.
O grupo do Comary era em sua maioria formado por jogadores da cidade. Do Rio tinha o Fábio Cabeça e o Formiga. De Petrópolis tinham o Douglas, o Vinícius e o Léo.
O regime era semiprofissional. A maioria dos atletas trabalhava durante o dia e treinava a noite. O Club Comary tem uma estrutura fantástica mas é um clube social e a idéia de ter equipes desportivas lá dentro treinando não agradava muito os sócios.
Era o primeiro time que eu trabalhava como preparador físico titular e estava muito empolgado com isso. Uma vez por semana treinávamos em uma quadra de cimento descoberta. Gosto de relatar estas coisas pois algumas pessoas hoje me olham numa equipe de ponta com boa estrutura e pensam: trabalhar assim é mole ! Mas nem sempre foi assim. Eu fiz por merecer.
Lembram quando falei em apostar? Pois é. As oportunidades só surgem quando você está produzindo, está correndo atrás, está lutando. Em maio ou junho de 1998 (não lembro bem) recebi um telefonema do Diego (sempre ele !). O Paulo Eduardo (Padú)o convidara para uma equipe da Espanha. O Diego não queria mais sair do País e me indicou. E lá fui eu parar no Playas de Castellón, onde vivi uma das melhores experiências da minha vida pessoal e profissional e que será tema do meu próximo post.
O Comary foi a única equipe que eu não disputei títulos. Mais tarde eu descobriria que Teresópolis é uma cidade extremamente pé quente pra mim. De lá eu saí para a Espanha. De lá eu saí para Carlos Barbosa onde estou até hoje. O Mário Silva disse que dá próxima vez irá colocar uma cláusula rescisória no meu contrato. rsrsrs !
Tenho ótimas recordações daquele grupo de amigos que vivia como uma família. Sou muito grato ao pessoal de lá. Em especial ao Mário Silva e o Cacá. Foi nessa época que conheci o Felipe Conde que se tornaria meu amigo e um "filhote" na preparação física também.
Quanto ao Malafaia só posso dizer que somos grandes amigos até hoje. Isso diz tudo. Futuramente haverá um post dedicado a todas as pessoas que me ajudaram no esporte e ele certamente estará presente. Até a próxima. Abraço !

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