Diz um dito popular que "quem não tem dinheiro, conta história..."
Lembrei de algumas esta semana pois recebi uma mensagem no orkut de um velho amigo, ex-atleta meu no Comary de Teresópolis-RJ. Era um pivô goleador e chegou a ser artilheiro do Estadual uma vez. O Fábio Cabeça sempre pegava carona comigo. Ele vinha do Méier e me encontrava na Penha. Dali seguíamos para Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, no meu "chevelhinho". Lembram dele? E dentro daquele carro passamos algumas situações.
Uma vez estávamos subindo a serra quando faltou combustível. Naquela época o marcador estava com defeito e eu fazia umas estimativas de cabeça mesmo. Por conta disso, eu e o Fábio ficamos "na pista" literalmente. A estrada estava escura e com neblina, o que é comum naquela região. A idéia inicial era um ir buscar combustível e o outro ficar no carro. Mas ninguém queria ficar ali no escuro e com baixa visibilidade sob o risco de ser atropelado. Então começamos a subir a serra a pé e na penumbra. Não sei que distância nós andamos, mas foi bastante. Conseguimos comprar álcool num posto BR já chegando em Terê e voltamos. Abastecemos o carro e, depois de chacoalhar bastante, o carro pegou. Havia ficado inclinado. Seguimos para o treino e deu tudo certo.
Em outra ocasião eu saí de casa sem um "duro" no bolso e esqueci do pedágio. Quando peguei o Fábio no ponto de encontro, perguntei se ele tinha dinheiro. Resposta: "os únicos 50 centavos que eu tinha, tomei uma coca no boteco..." Que fase ! Naquela época (1999) um refrigerante custava R$ 0,50 no bar e o álcool no posto era vendido a R$ 0,18 o litro !!!
Resolvemos ir assim mesmo a fim de não perdemos o horário do treino. Chegamos no pedágio na cara dura e explicamos a situação. A funcionária queria abrir uma passagem e forçar nosso retorno sentido Rio. Expliquei que iríamos para o trabalho e que eu pagaria na volta, deixando algum documento como garantia. Foi quando surgiu um "responsável" pelo setor e nos liberou pedindo que não deixássemos de pagar. Do contrário seria descontado da funcionária. Em Teresópolis o Mário Silva (supervisor) me deu a grana do combustível e do pedágio, como fazia sempre. Na volta pagamos os dois pedágios (ida e volta). Deu certo de novo !
Pobre do Fábio que sempre estava nas rabudas comigo. A gente ia para um jogo em Petrópolis. Na estrada notei que o carro estava superaquecendo. A sorte é que estava perto da praça do pedágio. Estacionei na mesma e pouco tempo depois um mecânico nos atendeu e disse que uma pastilha d'água havia estourado e que pela posição só numa oficina para efetuar a troca. Mais sorte ainda foi que o Formiga não havia passado pelo pedágio. Fomos de carona com ele. Na volta, o Guto (ex-atleta) me deu uma carona e me "escoltou" até chegar em casa. O reboque trouxe meu carro até a Av.Brasil e de lá andava um pouco e parava para colocar água até chegar em casa. Sempre dá certo !!!
A última ocorrência com o Fábio e o Chevette não deu certo. Indo para um jogo em Teresópolis, fui olhar pra trás para oferecer biscoito para o filho dele e quando olhei de novo para frente, ferrou ! Bati na traseira de uma S-10 que nem arranhou direito o parachoque. Estava no máximo 30 km/h. Mesmo assim meu prejuízo ficou em dois faróis, uma grade e uma seta dianteira. Tudo por culpa da minha barbeiragem.
O Fábio, assim como eu, passou poucas e boas no intuito de buscar um lugar ao sol. Naquela época sua grande preocupação era com o filho pequeno que dependia da renda dele. Ele não seguiu uma carreira longa no esporte, mas se formou (acho que em Direito) e hoje está feliz.
O esporte nos dá exemplos todos os dias. Um deles é de que o atleta precisa estar preparado pro dia em que encerrar a carreira. Alguns param "velhos" para o esporte mas muito jovens ainda para o restante de suas vidas. Reflitam sobre isso. Até breve !
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